Parado desde março, o turismo começa a se movimentar pelo Brasil. Um destes lugares, Foz do Iguaçu, no Paraná, tem recebido visitas de agentes de viagens interessados em conhecer as medidas que serão tomadas para evitar o contágio do novo coronavírus (Covid-19) no setor.
O empresário Aldo Leone, proprietário da Agaxtur, que viajou para lá, descreve hotéis com tapetes de sanitização, higienização de canetas usadas para assinar o check-in, além de toalhas nos quartos empacotadas com plástico. Ainda de acordo com o empresário, até a tapioca no café da manhã veio envolvida em uma embalagem descartável e os carregadores limpam as malas, antes de devolvê-las ao turista.
O proprietário afirma que sua mulher, Patty Leone, influencer do turismo que o acompanha no roteiro, foi criticada nas redes sociais, por estar viajando em um momento em que as mortes pela Covid-19 avançam. “O que nós estamos fazendo aqui é trabalho. Estamos trabalhando para conhecer o nível de segurança que está sendo praticado”, defende-se o empresário.
Recuperação pelo turismo local
Na CVC, que já abriu 900 de suas 1.400 lojas franqueadas em estados que já liberaram a retomada, a expectativa é de uma reação primeiro no turismo doméstico.
A companhia afirma que está preparada para a retomada a partir de julho e diz que já tem clientes buscando pacotes para o fim do ano, principalmente para destinos próximos de suas próprias residências, procurando viagens que podem ser feitas de carro próprio ou alugado. Conforme a agência de turismo, também há demanda pelo Nordeste e pelo Sul do país.
A CVC confirma que 80% dos hotéis e resortes com os quais trabalha estarão prontos para receber clientes a partir de julho, seguindo protocolos de combate ao novo coronavírus.
Organização Mundial do Turismo vê sinais de retomada, apesar de queda histórica em abril
A Organização Mundial do Turismo (OMT), braço do ano especializado em políticas para o setor, divulgou que o mês de abril, um dos mais importantes para o ramo no ano, registrou queda de 97% nas viagens na comparação com o mesmo mês do ano passado. O mercado foi um dos mais afetados pela restrição de circulação imposta pelas medidas para impedir a propagação da Covid-19.
A agência divulgou, na última segunda (22), um relatório que aponta números desastrosos para o turismo global nos primeiros meses do ano, mas aponta também uma retomada, principalmente nos países do Hemisfério Norte. A OMT pede a governos locais medidas de auxílio para trabalhadores do setor que estão sendo afetados pela crise do novo coronavírus.
Os números divulgados sobre o turismo no mundo entre janeiro e abril apontam:
- Foram menos 180 milhões de viagens (-44%) voltadas para o turismo, na comparação com o mesmo período do ano passado;
- Prejuízo de US$ 195 bilhões nas receitas geradas pelo turismo internacional;
- 100% dos destinos com restrições devido a pandemia.
A região da Ásia e do Oceano Pacífico foi a que mais sofreu nesse período, perdendo a metade do volume de turistas nos aeroportos registrado no ano passado.
O mercado mundial, segundo a entidade, pode ter em 2020 até um bilhão de turistas a menos. Os prejuízos mundiais podem chegar a US$ 1,2 trilhão e entre 100 milhões e 120 milhões de empregos podem ser eliminados.
Prejuízos ao turismo no Brasil
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que 727,8 mil postos de trabalho serão perdidos no setor turístico brasileiro, por causa do impacto da pandemia do novo coronavírus. A entidade também calcula em R$ 87,79 bilhões os prejuízos no espaço de três meses.
O transporte aéreo de passageiros no mercado doméstico brasileiro em maio, por exemplo, recuou 90,97%, se comparado ao mesmo mês do ano passado. A oferta de assentos no período apresentou queda de 89,58%. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), entidade que representa empresas tais como Gol, Latam, MAP e VoePass. Os dados incluem as informações das empresas associadas e demais companhias aéreas que operam no país.